terça-feira, 18 de agosto de 2009

Eita
Homi cascorento miudo que nem uma pulga
Fedorento e de fedô que não sai faç
A gent canso de dizê isso tem cara de senado
Mas cumpadi não deu assunto
Entro na venda e vistorio tudo sem muito medo de erra
O marmota andava cuns braço pra trás suspiranô hum rum rum
De volta e meia, tacava o dedo na testa na simaderâ de ta pensando
Nós rôcero de mais que vimo aqui foi Francelino com cara de gent robadô.
Paro la pelo mei da venda e falo assim assim sem fala mais alto ou mais baixo
“É rum de fato” vixe que agonia nem sabia se era crente, mas os palitó tava palmo pra baixo da barriga, assim num é pois crente dito pastô era palmo pra cima.
Xôlinha avento dize que o homi era maçônico, e na hora fizemo nome do pai.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

NA VÉSPERA de nada
Ninguém me visitou.
Olhei atento a estrada
Durante todo o dia
Mas ninguém vinha ou via,
Ninguém aqui chegou.
Mas talvez não chegar
Queira dizer que há
Outra estrada que achar,
Certa estrada que está,
Como quando da festa
Se esquece quem lá está.

Fernando Pessoa

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A Magia de Quintana

DO AMOROSO ESQUECIMENTO

Eu agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

AH! OS RELÓGIOS

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...
Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.
Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.
E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Mario Quintana